chegamos à 36ª semana. se nascer hoje, clara já não será mais um bebê prematuro. daqui a duas semanas, então, minha filhota estará prontíssima para chegar ao mundo. para encaixar nos meus braços. para deitar no colo do papai. é óbvio que a essa altura, a ansiedade nos domina. as últimas roupinhas e paninhos estão sendo lavados, as compras finalizadas e o quartinho rosa já avisa que tem uma menininha prestes a dominar a casa!
nessa reta final, todo aquele papo de "você vai ficando mais pesada, mais cansada, mais impaciente, mais e mais e mais" procede! sinto minha bebê tão presente com o mexe-mexe dela cada vez mais intenso, só que ao mesmo tempo já me sinto limitada. sem posição para dormir, para sentar. com a barriga dolorida de tão esticada, com as dores dos empurrões dela. com os pés começando a inchar, ainda que pouco, com uma coçeira incômoda nas mãos e pés.
ainda assim, não me permito parar por um só segundo. na virada da 35ª para a 36ª semana, encarei um curso no fim de semana com maratonas diárias de oito horas/aula. prestes a dar à luz, vou iniciar uma pós-graduação torcendo para conseguir acompanhar, presencialmente, pelo menos umas quatro aulas. o barrigão também ainda não me afastou do volante. até porque sempre tem mais alguma coisa para comprar, resolver...
apesar de estar trabalhando, e pretendendo encarar essa rotina até o último minuto, minha cabeça já não consegue mais concentrar 100% nas atividades da empresa. metade de mim fica presente - correndo atrás de deixar tudo em ordem para os próximos cinco meses que estarei ausente - e a outra literalmente viajando em dúvidas, medos e expectativas. depois da consulta médica de ontem, o foco agora é um só: marco a cesárea ou tento o parto normal?
a consulta com meu obstreta ontem foi a última mensal. volto lá em dez dias, com uma ultra mais recente para que a gente possa avaliar mais precisamente como a bebê está (peso, posição etc) e já definir algo sobre o parto. ao ler a última ultra feita - em 17 de fevereiro -, o médico disse que ela tava com tamanho e peso ótimos, superiores à média até. lindo, né? sobre o parto, pela primeira vez, fiquei em cima do muro (já cheguei lá meio na dúvida, na verdade), e disse que na próxima consulta falaria algo.
desde o início eu digo ao médico que vou tentar o parto normal. ele nunca me incentivou, mas também não se posiciona contra. só diz assim: "o ruim do parto normal é a espera. geralmente, as mulheres desistem nas últimas semanas". como a hora tá chegando, ele ontem perguntou 'sério'. e mais uma vez ressaltou a questão da espera, que a bebê poderia chegar na primeira quinzena de abril, mas também demorar até o fim do mês para querer nascer. "você vai ter paciência?".
confesso que ao sair de lá, tava meio desanimada. apesar de querer o parto normal, as noites mal dormidas têm me deixado bem cansada e acabam me chateando um pouco, o que aumenta a minha vontade para que a bebê nasça logo. mas é assim: não vou me sentir menos mulher, menos mãe por ter uma cesárea, não vejo dessa forma, mas queria pelo menos tentar. nem que na hora eu desista de tamanha dor, quero poder dizer que tentei, quero saber que dores são essas. quero ter essa experiência para contar. isso me motiva a ter paciência, a ter forças para esperar pelo tempo da minha filha.
de qualquer forma, só vou decidir algo após fazer a próxima ultrassom. quero ver o peso dela. se ela for nascer grandona, acho que vou perder a coragem de vez. e pelas minhas contas, no dia 1º de abril clara já vai estar pesando mais de 3 quilos. além disso, quero ter a confirmação de que minha bebê está bem, encaixadinha, ninguém melhor do que ela para me dar os sinais certos sobre qual decisão devo tomar.
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